Um estranho objeto que guarda a preciosa chuva
- Poema Concreto
- 15 de jun.
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Atualizado: 20 de jun.
Guardar a chuva
Naquele ano de 1979, no interior do Nordeste brasileiro, a estiagem que perdurava por dois anos era o que havia de mais concreto na vida do pequeno Fábio. Com seus quatro aninhos de vida incompletos, para ele, o mundo era árido, seco, causticante. A natureza dos adultos, quando não enganadora, era no mínimo duvidosa. Adultos que o faziam comer, como requisito, alimentos que seu paladar desaprovava, explorando seu desejo por crescer, deixavam mais fantasiosas as estórias sobre a tal da preciosa chuva.
Quando finalmente veio, sob a forma de copiosa chuva de verão, a mãe o procurou, sem sucesso por todos os cômodos da casa. O encontrou no jardim, no meio da torrente, segurando de forma invertida aquele estranho objeto, o guarda-chuva, comprovando a enorme ineficácia no propósito de guardar a chuva.

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